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Inferno ou Paraíso?...Eis a questão!

É praticamente impossível falar de Gil Vicente e não fazer referência ao célebre Auto da Barca do Inferno, representado pela primeira vez em 1517, que visa moralizar a sociedade quinhentista.

Em poucas palavras, a ação deste auto é o julgamento num cais, onde os juízes, um Anjo e um Diabo, discutem quem entrará na barca de cada um, condenando os seus passageiros, que representam os principais defeitos dos vários estratos da sociedade de então, à viagem para o Céu ou para o Inferno.

Imaginem, agora, como seria se no cais de embarque estivessem à conversa com o Arrais do Inferno e o Arrais da Glória personagens bem conhecidas do nosso panorama cultural, social ou político… Seria, com toda a certeza, no mínimo hilariante! E foi assim que o repto foi lançado a três turmas do 9.º ano de escolaridade (E, F e G), da Escola Secundária Daniel Faria, e o resultado não poderia ter sido mais criativo, original e surpreendente.

O “Auto da Barca do Inferno dos nossos dias” apresenta um desfile de personagens muito peculiares, porém bem caracterizadoras da sociedade atual. Nesta “nova versão”, é possível encontrar nomes sonantes como Ricardo Salgado, Fernando Pessoa, José Sócrates, Joacine Katar Moreira, Donald Trump, Ricardo Araújo Pereira, Jair Bolsonaro, Rui Pinto, entre muitos outros.

E se a rir se corrigem os costumes (Ridendo castigat mores), estes brilhantes alunos fizeram-no na perfeição, redigindo textos incríveis que merecem toda a nossa atenção e admiração! Fica apenas a dúvida de quem será, Anjo ou Diabo, quem levará mais passageiros na sua barca rumo ao inferno ou ao paraíso.

Professora Susana Cunha


Alguns trabalhos apresentados.

 

 

FERNANDO PESSOA

 

Fernando Pessoa chega ao cais e dirige-se à Barca do Diabo.

 

FP:                  Hou da Barca!!

Diabo:             Quem és tu??

FP:                  Sou um fingidor!     Que finge tão completamente.       Que chega a fingir que é dor!

Diabo:              Quem?

FP:                  Sou Fernando Pessoa.  Vindo de Lisboa.    Juntamente com três dos meus heterónimos!

Diabo:              Como?

FP:                  Sim, os meus outros eus, As minhas outras personalidades!

Diabo:              Mas, porquê? Se és só tu o julgado?

FP:                  Bem, porque se estou só, quero não 'star.  E se não 'stou, quero estar só.

Diabo:             Bolas! Tu és muito complexo!   Olha que ali o teu amigo Caeiro é de uma simplicidade… E, então, como vai Ofélia?

FP:                  Chorando, infeliz, num contentamento descontente, como diria o nosso Camões!

Diabo:             Pois. Enquanto a enganaste, não pensaste tu no seu sofrimento!!

FP:                  Enganá-la eu??? 
Diabo:             Sim, quando a ignoraste depois daquele beijo e de teres recitado aquele poema de Shakespeare!!

FP:                  Como ousas dizer tal coisa? Eu que sinto constantemente a dor de pensar, causada pelo meu eterno raciocínio?? 

Diabo:              Pois isso é que te levou à bebida, não foi?

FP:                  Eu?? Apenas fui apanhado em flagrande delitro, como Nininha testemunhou!

Diabo:             Pensas que por seres poeta, mereces perdão? Não! Então entra nesta barca, porque o tempo está a ser perdido! ahahahhahah

 

RICARDO REIS

 

Agora é a vez de Ricardo Reis, um dos seus heterónimos, que se dirige à Barca do Anjo.

 

RR:                 Hou da Barca! Anjo, aqui estou eu, com o óbolo para o barqueiro sombrio, não temendo o momento do julgamento!

Anjo:               E tens razões para tal, caro Ricardo Reis!

RR:                 Realmente sempre fui regrado, contido pois o epicurismo e o estoicismo sempre me ensinaram a sê-lo.

Anjo:               Ah! E a Lídia?

RR:                 Apenas nos sentamos ao lado um do outro a ver o rio correr. Em vez de trocarmos beijos e carícias, amamo-nos tranquilamente, de mãos desenlaçadas!

Anjo:               És um verdadeiro exemplo do CARPE DIEM (claro, aproveita o momento!). Entra nesta barca, onde serás tão bem recebido.

 

ÁLVARO DE CAMPOS

Álvaro de Campos chega, loucamente e a cantarolar, à Barca do Anjo.

AC:                 Eh-lá-hô! Eh-lá-hô!

Diabo:             Lá vem o doido! O caríssimo Álvaro de Campos!!

AC:                 Doido?? Sentir tudo de todas as maneiras é o meu lema de vida!

Diabo:             Não achas demasiado?

AC:                 O futuro será assim! Louco, ruidoso…

Diabo:             E este levou-te aonde?

AC:                 Hummm… Bem, na verdade, ao pessimismo! Para mim só um grande, um profundo, Um supremíssimo cansaço, Íssimo, íssimo, íssimo,

Cansaço…

Diabo:             Essas ideias do futuro levaram-te à condenação! Entra! Não demores!

 

ALBERTO CAEIRO

Por fim, Alberto Caeiro dirige-se ao Anjo, muito sossegado.

Anjo:               Caeiro, amigo! Tão sossegado… Há quanto tempo te espero!

AB:                 Anjo, aqui estou eu, o guardador de rebanhos!

Anjo:               Não estou a entender? Tu não és poeta?

AB:                 Sou! O rebanho é os meus pensamentos, E os meus pensamentos são todas sensações!

Anjo:               Ah! És o poeta das sensações, O único poeta da Natureza!

AB:                 Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz!

Anjo:               Então, entra, Mestre, que nem todos os teus discípulos se salvaram!

  

Beatriz Aires, 9.º E

 

 

RICARDO SALGADO

Chega ao cais um fidalgo economista, acompanhado do seu conselheiro… traz numa das mãos um saco repleto de dinheiro. E dirigindo-se ao Arrais do Inferno, diz:


Salgado – Hou da barca! Oulá, oulá!

Diabo –    Quem vem i?
Salgado – Sou eu, ó cornudo! Já devias conhecer o “dono disto tudo”.

Diabo –     Ora, finalmente chegaste meu amigo… embarquemos já, para conheceres o teu castigo.
Salgado – Mas qual castigo??? Já não bastou o BES ir à falência e eu ficar mendigo?

Diabo –     Mendigo  (diz o Diabo a rir-se). Diz lá mas é onde estão os milhões do BES e pode ser que eu te dê abrigo…  

Diabo –      E esse saco aí…. ara que queres tanto dinheiro?
Salgado –  É para pagar ao barqueiro.

Diabo –      Ora entrai, entrai que estamos prestes a embarcar.
Salgado –  Mas esta barca não me agrada, poderei eu não viajar?

Diabo –      É essa pergunta que se faça?? Já devias saber que a vida depois da morte seria uma desgraça! Ou pensavas tu que roubavas os portugueses

 e vinhas viver para um paraíso fiscal de graça?!
Salgado –  Mas não roubei eu sozinho.    Ou não te lembras do Sócrates e do seu amiguinho?!

Diabo –     Não te preocupes, Ricardinho, em breve vão estar aqui os três a assar no quentinho!       

Diabo –     E olha que até tens tido sorte…. Quase te safaste da operação Marquês e do caso BES.
Salgado –  Continuo a achar que sou inocente, mas que hei de eu de fazer a esta gente…              
Salgado – E farto estou de te aturar… vou ali àquela barca, que de certeza, me vai levar.

Diabo –     Se eu fosse a ti não tinha tanta certeza, mas vai lá tentar a tua sorte!   (diz o Diabo com um tom irónico).

 

Vai agora à barca do Anjo e começa por dizer:

Salgado – Desce já a prancha meu barqueiro, que cheguei eu para embarcar.

Anjo –      Não se admite nesta barca capoeiro.
Salgado – Pensais vós que sou eu malandragem, mas estais muito enganados. Se há coisa que me distingue é a minha coragem.

Anjo –      Realmente não te falta coragem, roubas e ainda vens pedir passagem.
Salgado – Roubar?? Não era eu capaz de fazer isso sua divindade. E mais lhe digo... trago meu saco meio vazio…

Anjo –    Dizes mentiras e continuas cheio de brio! E mesmo que esteja vazio, não há cá espaço para esse saco…  talvez o encontres na barca do outro lado.

Entretanto vira-se o Parvo e diz:

Parvo –    Ainda não percebeste que daqui não levas nada? Põe-te andar!

 

Torna Ricardo Salgado à barca do Inferno:

 

Diabo –    Ora vejo que voltaste…
Salgado – Contra minha vontade, mas visto que não tenho mais opções…. Embarquemos que já se faz tarde.

 Fábio Costa, 9.º E

 

DONALD TRUMP

 Donald Trump chega ao batel infernal, com o seu segurança e diz


Donald Trump                        Hou da barca!

Diabo                                    Quem me chama?

Donald Trump                        Donald Trump ao seu dispor!

Diabo                                    Ó meu caro amigo,  O quanto esperei por ti!

Donald Trump                        E para onde é a viagem?  Para mim, luxo não pode faltar!

Diabo                                    Pera a Ilha Perdida.  Entrai cá que te guardei o melhor remo!

Donald Trump                        O senhor não deve estar bem!  Logo eu o famoso Donald Trump, Homem de grandes feitos!

Diabo                                    Só se for de grandes desrespeitos! E como estão os teus amigos mexicanos?

Donald Trump                        Aqueles violadores que trazem  droga e crime para os EUA?  Estão muito bem!

Diabo                                    Deixa-te disso e vem  Para a tua casa, o inferno!

Donald Trump                        Só dizes disparates!  Tens um QI muito baixo…  Coitado do falhado…

Diabo                                    Ó sua excelência, Quantas mentiras dizes!nca! Agora tu pareces aqueles  Que acreditam no aquecimento global                                                               Infelizes! Esta barca não é para mim,  Vou ali falar com o outro barqueiro   E mostrar-lhe o meu dinheiro!

 

Donald Trump vai à Barca da Glória tentar convencer o Anjo a deixá-lo entrar.

Donald Trump            Querido barqueiro,  Que barca tão valente    Será que há lugar para mais um?

Anjo                          Para ti, jamais!  Supremacistas brancos É no arrais do Inferno.

Donald Trump            Que senhor mal educado!  Porque não bebe lixívia também?… Olhe que resulta…

Anjo                          Tu não mereces misericórdia   Depois dessa má gestão  Deixaste os EUA  À beira da erupção.

Donald Trump            Mentiras!   Pareces aqueles chineses que inventaram aquele vírus!

Anjo                         Sai daqui e vai para o batel   Que neste não entras de certeza!

 

Trump dirige-se ao Diabo dizendo:

 Donald Trump            Aquele outro barqueiro foi muito rude  Parecia aqueles “afro-americanos”

Diabo                        Para ti não existe remédio!  Vais ser sempre um homem desprezável.  Aposto que a tua mulher concorda.

Donald Trump            Com este lindo cabelinho,  Elas ficam todas malucas  Inclusive a Melânia.

Diabo                        Sim, sim…Mas é com este lindo dinheirinho!    Ih ih ih ih…   Entra mas é aqui   Que estamos todos à tua espera!

Donald Trump            “Make America great again!”   Só Deus sabe que eu fui  o melhor presidente deste mundo.

Ana Magalhães, 9.º G


RUI PINTO

Vem um hacker Com o seu laptop pela mão e um iPhone de última geração. Dirige-se ao cais e pergunta:

 

Rui Pinto:                  Hou da barca! Que lugar é este e para onde vai esta barca?

Diabo (olhando-o com surpresa): Olha, olha, quem chegou!

Rui Pinto:                  Por acaso, conhece-me de algum lado?…

Diabo (rindo e dizendo em tom irónico): Oh, se conheço?  Conheço muitos da tua laia!

Rui Pinto:                  Pois eu nunca o vi na vida!

Diabo:                        Exatamente, “na vida”, ih, ih, ih!

Rui Pinto:                   Ai, que já estou a ficar farto disto! Pode explicar-me onde estou e quem é o senhor?

Diabo:                        Sou belzebu e estais no cais da barca que vos conduzirá ao inferno, caro Hacker!

Rui Pinto:                   Ao inferno? Mas o que é que eu fiz para merecer ir lá parar?…

Diabo:                        O que fizeste?… Então, acesso ilegítimo, sabotagem informática, suborno… achas pouco?

Rui Pinto:                  Mas isso serviu para denunciar crimes!

Diabo:                       Meu amigo, andar a bisbilhotar coisas secretas é crime! Desta feita, vais para o inferno, anda, entra que se faz tarde!

Rui Pinto:                  Mas, não há outra barca? Uma que me leve para o céu, que é para onde mereço ir? Eu só tive boas intenções!

Diabo:                      De boas intenções está o inferno cheio!

 

  E dizendo isto, o Diabo puxou o hacker para dentro da barca e levou-o para o inferno.

 

César Romão, 9.º F

 

RICARDO SALGADO

 

Ricardo Salgado:        Oh da barca! Para onde caminhais?

Diabo:                       Oh! Meu Ricardo, A que má horas chegais! Por onde tens andado?

Ricardo Salgado:        Bastante ocupado! O que eu queria mesmo, era ficar por lá, para poder “ajudar” mais uns portugueses.

Diabo:                       Ih, ih, ih… Nem o dinheiro te safou da morte!

Ricardo Salgado:        Eu bem tentei, mas
Diabo:                      Ora vamos lá entrar!

Ricardo Salgado:        Eu, aí não entro.
Diabo:                        Para onde queres tu ir?

Ricardo Salgado:        Depende, para onde me queres levar?

Diabo:                       Para o inferno amigo, é lá que os portugueses te querem ver.

Ricardo Salgado:        Achas mesmo?… Eu não fiz nada de mal. Não tenho culpa da ignorância de algumas pessoas. Aí não entro.

 

Ricardo Salgado dirige-se à barca do Anjo

Ricardo Salgado:        Oh da barca! Posso entrar?
Anjo:                         Para onde queres ir?

Ricardo salgado:        Para o paraíso!

Anjo:                       Tu precisas é de juízo!   Nem penses, tu aqui não entras. Achas que eu não sei quem tu és e o que fizeste? Como te atreves a enganar e a roubar assim as pessoas?

Ricardo Salgado:        Eu??

Anjo:                         Tu a mim não me enganas… Nem sequer estás arrependido!

Ricardo Salgado:        Mas, se fores investigar, Nada vais achar! Vivo apenas da minha reforma.

 

Ricardo salgado volta à barca do Diabo

 

Ricardo Salgado:        Olá, amigo! Ainda posso embarcar? Na tua proposta estive  a pensar e vou aceitar…

Diabo:                       Vamos lá, então, entrar que se faz tarde!!

Ricardo Salgado:        Pois que remédio. Parece que não tenho opção?

Diabo:                      Então o que é que tu querias, depois de tantas aldrabices?  Que as pessoas fossem tuas amigas? Encheste os teus bolsos e os dos teus amigos, e viveste à grande e à francesa… Vamos lá, que eu não tenho tempo para conversa fiada.

Ricardo Salgado:        Oh! Que tristeza! E eu que tantos amigos ajudei, não merecia acabar assim. A vida não é justa. Oh que tristeza!

Diabo:                       Para lá com essa choradeira que já estou a ficar enjoado. Quando chegarmos ao nosso destino Ainda vais ficar mais enfadado.

Afonso Oliveira, 9.º G

 

Ricardo Araújo Pereira

Vem Ricardo, conhecido humorista e comentador político, e dirige-se ao Arrais do Inferno.

Rir.                  Ó da barca.

Dia.                 Quem é que me está a perturbar no meu momento de descanso?

Rir.                  Sou eu .

Dia.                 E o que desejais da minha tão maravilhosa barca?

Rir.                  “Maravilhosa barca” o quê? … Está como os políticos que só fazem propaganda.

Dia.                 Eu? Longe de mim fazer tal coisa … Esta barca é a mais incrível de todas quereis vir espreitar?

Rir.                  Claro! Eu prometo que vou fazer o meu melhor para lhe fazer uma grande crítica construtiva tais como as bem ditas críticas do governo …

 Dia.                Ouuu…é melhor parares de falar se não nem o dedo mindinho vos deixo pôr na minha barca.

Rir.                  Tudo bem eu não tenho culpa que existam pessoas tão, como é que eu te vou dizer tão inseguras quando lhe fazem uma pequena critica.

                       Olha o governo está sempre inseguro nas suas decisões só basta eu fazer uma pequena crítica e eles confinam e desconfinam o país .

Dia.                 Não me compareis com tais incríveis pessoas.

Rir.                  O quê? Agora vais dar graxa aos sapatos deles olha que já vais tarde ao dinheiro que eles roubam do país já devem ter contratado uma                            empregada para fazer esse trabalho.

 

De repente, aparece o Anjo que logo se dirige a Ricardo dizendo

Anjo.               Muito bom dia! Posso cumprimentar vossa excelência? Ricardo Araújo Pereira porque não entra na minha barca?

Rir.                  Bom dia. Está animado hoje o que lhe aconteceu? 

Anjo.               Estou muito contente graças a si, finalmente temos alguém que nos vai fazer rir todos os dias. Porque não entras na minha barca e conversamos melhor?

Rir.                  Com certeza, como quiser. Ricardo entra na barca do Anjo sem qualquer tipo de critica.

Anjo.               O que está a achar da minha barca? Aconchegante?

Rir.                  Sim, nunca pensei morrer tão aconchegado. O Anjo é que dava um bom político… é pena que só existam pessoas maliciosa na política

se no governo não houvesse ladrões talvez o país ficasse mais rico e todos ficavam a ganhar. Não acha?

Anjo.               Claro que sim. Assim era da maneira que não existiam presidentes como o Trump ou o Bolsonaro.

Rir.                  Nota-se que eles roubam muito, só olhando para a barriga deles nota-se que estão bem cheiinhas…

E assim foram…

Joana Sousa, 9.º E

 

Entra em cena o político, Bolsonaro, com um dos seus deputados e com um livro de leis.

Bolsonaro                   Mas porque raio é que eu me encontro aqui?

Diabo                          Ora, ora…Já não era sem tempo, demoraste muito a chegar!

Bolsonaro                   Porque é que estou aqui e não no paraíso?

Diabo                          Porque em vida só prejudicaste as pessoas…

Bolsonaro                   Desculpe, mas sabe com quem é que está a falar?

Diabo                          Sei sim, meu caro. Fui eu quem te ajudou em vida.

Bolsonaro                   Eu acho que não deve saber quem sou. Eu sou o presidente do Brasil, nem por sombras irei entrar em tal barca como a vossa.

Após terminar o seu discurso dirige-se à barca do Anjo.

Bolsonaro                   Oh Anjo! Por sua gentileza me deixa entrar na sua barca?

Anjo                            Tens tantos pecados que não cabem dentro desta barca

Bolsonaro                   Eu? Pecados?? Nunca. Eu melhorei a economia do meu país, mesmo há uns tempos atrás deixei que os residentes do Brasil

andassem sem máscara em plena pandemia e também fiz muitos projetos, não tenho culpa se ninguém os colocou em prática.

Anjo                           O senhor foi injusto com o seu povo, roubou, falsificou...

Bolsonaro                   Isto é um absurdo! Quanto dinheiro precisa para me deixar entrar?

Anjo                           Nunca venderei uma entrada no paraíso. Além disso, não é do meu agrado conviver com pessoas de calibre como o seu.

Bolsonaro                   Quem lhe dera conviver com pessoas de calibre como o meu.

Anjo                           Nunca! Se queres embarcar sugiro que vás para a do Diabo pois ele te deixará embarcar…

Bolsonaro                   Como queiras. Continuo a achar que mereço! 

 Entretanto Bolsonaro dirige-se à barca do diabo.

Diabo                          Já estás de volta?

Bolsonaro                    O teu amiguinho não  me deixou embarcar,  não percebo o que fiz de errado, até lhe ofereci dinheiro, vê lá tu!

Diabo                          Na minha barca podes embarcar E para o inferno remar E nem precisas de pagar!!!

Bolsonaro                   Pois, não tenho mais nenhuma opção!

Lara Campos, 9.º E

 

Joacine Katar Moreira

Vem uma mulher, que chegando ao cais dirige-se, a uma das barcas:

Diabo:              Olá! Olá! Que visita inesperada. Que quereis vós?

Joacine:           Estou à procura da Barca da Glória. Sabes me dizer onde fica?

Diabo:             Barca da Glória?! Para quê procurar tanto quando estás à frente de uma?

Joacine:           Não,  aí não entro. Não me recordo de ter cometido nenhum pecado.

Diabo:             Algum hás de ter cometido. Que profissão era a tua?

Joacine:          Hahaha… então com certeza algum pecado deves ter cometido… Corrupção? Desvio de dinheiro? Ou ambos?

Joacine:           Nenhum deles. Não me cabe a mim responsabilizar-me pelos pecados dos outros, e não tenho que estar aqui para ouvir falsas acusações como as tuas. Então pode finalmente dizer onde fica a outra barca?

Diabo:             Ao fundo. Boa sorte! Hahaha… irás precisar…

 

Joacine caminha em direção à barca da glória e quando lá chega diz:

 

Joacine:           Hou da barca! Hou da barca!

Anjo:               Quem me chama?

Joacine:           Sou a Joacine.

Anjo:               Pois claro. Ainda bem que chegaste, estava à tua espera há algum tempo.

Joacine:           À minha espera?

Anjo:               Sim. Entrai, entrai.

Joacine:           Como posso eu entrar na tua barca? O diabo disse que provavelmente teria cometido algum pecado, mesmo que eu não me recorde.

Anjo:               Pecados? Não me parece. Se erraste com certeza que não foi por malícia. Ouvi coisas boas sobre ti e sei o que passavas na Terra.

As pessoas não te deviam julgar só por gaguejares  e ainda te difamarem nas redes sociais. Impressionado fiquei por não ires na onda do ódio e

não responderes à letra, por isso está mais que ilibada.

Joacine:           Obrigada por acreditar em mim.

Anjo:               Bem-vinda e boa estadia.

Assim Joacine entra maravilhada na Barca da Glória escapando ao fogo do inferno.

 

Gonçalo Correia, 9.º G

 

Vem um Presidente, per nome Jair Bolsonaro, acompanhado por uma mala cheia de dinheiro. Chega ao batel infernal e diz:

 

Bol:                 Hou da barca!

Dia:                 Quem vem i?

Bol:                 Como assim? Não me conheceis?

                        Sou Jair Bolsonaro.

Dia:                 Oh, desculpai-me! Uma alma tão sombria e impura como a vossa leva tempo a reconhecer. Ih ih ih ih ih…

Bol:                 Minha alma sombria e impura É o que vós dizeis? mas vós é que sois o Diabo e não eu!

Dia:                 Ora entrai nesta barca e verificais se tenho ou não razão.

Bol:                 E onde vai esse batel?

Dia:                 No Inferno vos poeremos.

Bol:                 Não hei eu i de embarcar. Pois não é essa barca que eu cato.

Dia:                Não é esta a barca que catais? Ihihihihihihih…. vós fostes considerado o maior desonesto no ano passado, ganhaste até ao teu velho amigo dos Estados Unidos que um dia cá embarcou.

Bol:                 Que enganos estais dizendo?  Vós achais que eu sou essa pessoa? Em vida ajudei sempre o povo que necessitava, empresas arruinadas e

ainda sustentei amigos além fronteiras.

Dia:                 Tantas pessoas ajudaste    E aqui vieste parar??

Bol:                 Continuai dizendo calúnias a meu respeito… que eu nessa barca não entro!

 

E assim abandona a Barca do Diabo e dirige-se à Barca da Glória e diz ao Anjo:

 

Bol:                 Ó Anjo da barca pura, onde estais que ando à tua procura! Anjo:   Que pecador me chama?

Bol:                 Jair Bolsonaro, mas não pecador não me considero.

Anjo:              Oh, já me lembro! Vós sois aquele presidente que substituiu Lula no cargo da presidência do Brasil,mas que nada mudou

pois são farinha do mesmo saco.

Bol:                 Não me compara a esse indivíduo. Estou aqui para lhe pedir que me passeis nesta sua barca gloriosa.

Anjo:               Passá-lo na minha barca? isso sim seria o maior crime de todos. Devo-lhe lembrar do que fez? Não cumpriu as medidas de prevenção

à Pandemia, como o uso de máscara e o distanciamento social. Ou quando não quiseste compraras vacinas de proteção à Pandemia para a sua população.

Mas por isso vós pagastes com a sua morte para a covid.

 

Assim, Bolsonaro volta-se outra vez para o batel dos condenados, dizendo:

 

Dia:                 Venha, venha o seu lugar ainda está à sua espera.

Bol:                 Estais cometendo um grande pecado.

Dia:                 Não vós preocupeis. Pois pela maldade que fizeste em vida vais agora pagá-la com a morte.

 

Nicole Santos, 9.º G

 

 Cristina Ferreira (“A crucificada”)

 

Ao chegar à Barca Infernal, a crucificada diz assim:

Cristina:          Olá, olá ! Está ai alguém?

Dia:                 Quem chama?

Cristina:          Cristina Ferreira.

Dia:                 A da Malveira?

Dia.                 Entrai vós remarês.

Cristina            Ai, língua esquisita! Onde é que eu eu sou?
Diabpó:            Na barca infernal !

Cristina:         O quê? Não pode ser ! Eu não quero ir para o inferno, eu vou para o céu.

Dia:                Que saboroso arrecear !

Cristina:         Como? Não, meu caro senhor! não é para aí que eu vou.

Dia:                 E trazeis vós muito fato? (roupas)

Cristina:          Muitos fatos? Claro ! Sabes quem eu sou? Tenho que vestir uma roupa nova todos os dias! Também trago o vernigel

E a minha revista,                         

Dia:                 Pensas tu que és artista? Ora ponde aqui o pé.

Cristina:          Oh pá, não é que o homem está mesmo maluco? Eu não vou ficar aqui! Vou para o céu, homem!

Dia:                 E quem te disse a ti isso?

Cristina:          Não sabes o que eu passei. As pessoas foram muito cruéis comigo.  Eu não mereço ir para o inferno, mas sim para o paraíso.

 

E assim caminhou Cristina em direção à barca da Glória e diz ao Anjo:

 

Cristina:              Olá, Anjo do céu, Posso entrar no paraíso?

                        As pessoas falam muito e não sabem nada.

                        Não sou metade do que se fala por aí.

                        Quando fores à minha casa,

                        Vais poder observar!

                        Mas para isso tem que me deixar entrar !

 

Anjo:               Eu não sei quem te cá traz.

Cristina:          Sabes bem do que sou capaz! Compro esta Barca e passo a diretora.

                        E não me podes recusar a entrar!

Anjo:               Não cures de importunar! Vai àquela que está mais vazia…

Cristina:          Oh pá, mas vocês falam todos assim?

                        Nunca percebo nada daquilo que vocês dizem !

                        Posso entrar ou não posso entrar?

Anjo:               Ora ponde aqui o pé.

Cristina:          Ai, o raio do homem!

                        (aos gritos) Ó Anjo! Ó Anjo!...

                        Posso ou não aí embarcar?

Anjo:               Tu aqui podes embarcar…

                        Pois quem bem te conhece

                        Não te pode criticar!

Madalena Martins, 9.º G